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Alteridade: A natureza opressora e oprimida em A mulher do garimpo

Maio de 2018 Cientistas interessados no passado o viam até a segunda metade do século XX como peça de museu sob uma ótica temporal imutável. Estudos de história e de memória cultural já assumem a interferência de paradigmas do presente na angulação de fatos recentes ou remotos. A mulher do garimpo (1976), de Nenê Macaggi, considerado o romance do extremo Norte do país, não pode fugir deste filtro. A problemática começa pelo enredo cuja trama é dispersa em longas descrições históricas e de costumes regionais que não passam de efeito decorativo. O tom descritivo fracionário dizima a curiosidade no destino afortunado ou desafortunado dos personagens. A narrativa almeja ganhar ares realistas e factuais, todavia frustra suas próprias pretensões ao convergir com o propósito do apelo folhetinesco da vida sendo vivida, mas longe de ser fiel ao cotidiano por conta de sua prolongada retórica. Seu mérito é ser a produção ficcional mais expressiva do estado de Roraima na segunda metade do sécu

Biocentrismo: Precisamos desenquadrar os animais

Abril de 2018     Viagens são momentos de boas experiências culturais, sociais e ambientais. Mas às vezes somos surpreendidos por situações adversas às nossas visões de mundo e ideologias particulares.     Nós brasileiros conhecemos o encarceramento de animais nos espaços dos zoológicos. Eles estão ali para serem vistos por seres antropocêntricos centrados no “eu” humano com a intenção de se divertir com seres enjaulados, acuados. Mas como nós somos vistos pelos animais fora de seus espaços naturais? John Berger (2003, p.31) sintetiza bem esse contato: “em parte alguma num zoológico o visitante pode encontrar o olhar de um animal. Quando muito, o olhar do animal bruxuleia brevemente e segue adiante. Eles olham de soslaio. Olham cegamente para além de nós. Escaneiam tudo mecanicamente. Foram imunizados contra o encontro, porque nada mais pode ocupar um lugar central na sua atenção”. Vivem, portanto, uma condição não natural, padronizada, planejada e encarcerada ao olhar do mamífero b