Alteridade: A natureza opressora e oprimida em A mulher do garimpo
Maio de 2018 Cientistas interessados no passado o viam até a segunda metade do século XX como peça de museu sob uma ótica temporal imutável. Estudos de história e de memória cultural já assumem a interferência de paradigmas do presente na angulação de fatos recentes ou remotos. A mulher do garimpo (1976), de Nenê Macaggi, considerado o romance do extremo Norte do país, não pode fugir deste filtro. A problemática começa pelo enredo cuja trama é dispersa em longas descrições históricas e de costumes regionais que não passam de efeito decorativo. O tom descritivo fracionário dizima a curiosidade no destino afortunado ou desafortunado dos personagens. A narrativa almeja ganhar ares realistas e factuais, todavia frustra suas próprias pretensões ao convergir com o propósito do apelo folhetinesco da vida sendo vivida, mas longe de ser fiel ao cotidiano por conta de sua prolongada retórica. Seu mérito é ser a produção ficcional mais expressiva do estado de Roraima na segunda metade do sécu