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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Edital de seleção de narrativas ambientais para e-book

I DO E-BOOK Art. 1 – O e-book Narrativas do meio ambiente vai reunir produções literárias em contos, crônicas, poemas e cordeis que legitimem a preservação da natureza. Art. 2 – Não há limite prévio da quantidade de narrativas no referido e-book. II DA INSCRIÇÃO Art. 3 – Cada interessado pode inscrever quantas produções literárias desejar, inclusive de gêneros supracitados distintos, desde que valorize a preservação do meio ambiente ou denuncie sua destruição. Art. 4 – Devem ser inscritas narrativas com limite de 10 (dez) páginas, fonte Times New Roman, tamanho 14. Art. 5 – As narrativas inscritas devem ser inéditas e devem ser recusadas caso já tenham sido publicadas em meio impresso ou digital. Art. 6 – As inscrições acontecem até 29 de março de 2019 e as narrativas devem ser enviadas ao e-mail simon-jp@hotmail.com. Art. 7 – As inscrições são gratuitas e os autores não receberão nenhum recurso financeiro pelas narrativas. Art. 8 – Os interessados devem enviar um arquivo c

O plagiador (2018) – Melhores contos IV (inédito)

Simão Farias Almeida O corpo explodiu na câmara frigorífica três, pouco antes de Gonzalez abrir a porta e deixar entrar os raios de sol de um dia quase quente. Ensaiou um desaviso, apesar de trabalhar há dez anos no Instituto Médico Legal: entrou na sala fria sem fazer uso da máscara, sempre utilizada para fugir do odor e das bactérias comuns às vias respiratórias de quem lá trabalha. Pior é seguir a rotina de cuidar de cadáveres diante da crise política e econômica que assola o país. Eles costumavam explodir devido ao acúmulo de bactérias hospedadas a médio e longo prazo por conta do desserviço dos poderes públicos ao não distribuir recursos direcionados às práticas de exumação farmacológica e médica. Gonzalez colocou rapidamente a máscara sobre o nariz ao ser invadido pelo cheiro putrefato presente na câmara há semanas. Fechou a porta da sala e encaminhou os passos até a gaveta na qual estava o corpo recém-explodido. Era um homem adulto com trinta e cinco anos, dois a menos que el

T (2017) – Melhores contos III

Simão Farias Almeida Havia um tempo em que encostava a palma da minha mão na superfície das águas do mar costeiro. Hoje sei que isso é Harmonia. 3.  T poderia estar no Parque Central, no Jardim Japonês ou nos canais de Holanda, importa mesmo que eu encontrarei após a chuva ácida do dia terminar. Falam dos riscos à saúde como problemas respiratórios e dermatológicos, incluindo desenvolvimento de câncer. As previsões meteorológicas informam o horário, a região e a intensidade da cáustica chuva a fim de os avisados prevenirem-se do nefasto tempo. E T ficava à mercê das mudanças de clima. Preferia ter uma vida mais tranquila, porém, tinha que se submeter ao lastro ácido indesejado. Lembrava do tempo quando se arejava nas águas puras das chuvas não químicas. Esse passado remoto ficaria para trás, gastava agora sua atenção com o aviso das sirenes anunciando a permissão de sair de casa. Assim, encontrei T ainda incomodada em suas horas reguladas pelos avisos diários emitidos pelos megaf

Olho mágico (2010) – Melhores contos II

Simão Farias Almeida Dona Gertrudes costumava se divertir toda noite com as telenovelas até que o horário político ameaçou tal passatempo. Não gostava de ver políticos fazendo as mesmas promessas, tudo igual, bando de fingidos querendo nossos votos. Dona Gertrudes então resolveu deixar o aparelho de TV desligado durante o período eleitoral. Teria que encontrar o que fazer, pois ficarmos sem fazer nada dentro de casa é a mesma coisa de entregar a alma ao diabo. Dona Gertrudes então resolveu espiar. Nunca o tinha feito, mas já ouvira amigas falarem que se descobre muita coisa espiando, ainda mais quando estamos dispostos a espiar por um longo tempo e de uma só vez. Foi espiando que ela seguiu os passos do vizinho do andar de cima. Nunca o tinha visto até que resolveu desligar a TV e encontrar esse novo passatempo. O tal vizinho nunca estava só. Sempre acompanhado de rapazes, muitos rapazes, uma penca de rapazes. E Dona Gertrudes ficava imaginando do seu olho mágico como o vizinho d

A barata (2009) – Melhores contos I

Simão Farias Almeida - É bobagem sua querer ir embora, aqui temos um apartamento imenso só pra nós duas com comida e bebida à vontade, você já bebeu menina? É coisa de gente grande... – falou Glória com medo de ficar sozinha no apartamento já que o marido viajara a negócios. - Beber assim com taça é coisa de grã-fino senhora, eu preciso fazer faxinas em outras casas, preciso sustentar meus filhos – falou a empregada terminando de arrumar a cozinha. - Você não tem vontade de ser rica por um dia? - Sinto muito, eu tenho que ir senhora. Vou ao banheiro me arrumar. - Deixa de ser boba menina. Ainda dá tempo de você ficar... comer caviar... champanhe francês – falou alto para a empregada escutar, já que esta estava sob o chuveiro ligado, deleitando-se com a água que escorria em seu cabelo, seu rosto, seus ouvidos. -  A senhora vai me pagar agora ou depois?... Preferia se fosse agora... – falou a empregada saindo do banheiro. - Depois eu pago, pago o dobro, mas fique... - Não